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Os desaposentados: idosos no Mercado de Trabalho

Os desaposentados: idosos no Mercado de Trabalho

23/04/2024 | Agência Fome | Blog

Com o envelhecimento da população, a desaposentadoria ganha destaque como uma opção viável para idosos que desejam continuar ativos após a terceira idade.

Nos últimos anos, temos observado uma mudança significativa no perfil demográfico da força de trabalho, com um aumento notável na participação de trabalhadores idosos. Esse fenômeno reflete não apenas o envelhecimento da população, mas também uma mudança nas percepções sobre o papel dos idosos no mercado de trabalho. Neste contexto, a desaposentadoria emerge como uma alternativa relevante e cada vez mais discutida.

A desaposentadoria é um conceito que se refere à decisão de um aposentado em retornar ao mercado de trabalho após a aposentadoria. Com o aumento da expectativa de vida e a necessidade de complementar a renda, muitos idosos estão optando por essa opção para permanecerem ativos e financeiramente seguros.

No entanto, a desaposentadoria não é apenas sobre a necessidade financeira. Muitos idosos encontram no trabalho uma fonte de realização pessoal, socialização e propósito. Ao permanecerem ativos no mercado de trabalho, eles podem continuar contribuindo com suas habilidades, experiências e conhecimentos, além de manterem-se mentalmente estimulados e socialmente engajados.

Estudos, como esse aqui da Harvard Business Review, comprovam que equipes formadas por diferentes gerações oferecem as mais variadas habilidades, que se complementam entre si.

Um aspecto relevante a ser considerado ao abordar a desaposentadoria é a questão da previdência social. No Brasil, o sistema previdenciário não contempla explicitamente a desaposentadoria, o que gera dúvidas e incertezas para aqueles que desejam retornar ao trabalho após se aposentarem. No entanto, há discussões e propostas em andamento para regulamentar essa modalidade de retorno ao mercado de trabalho.

Além disso, é importante destacar que a desaposentadoria não se resume apenas ao retorno ao mesmo emprego ou setor em que o indivíduo trabalhava antes da aposentadoria. Muitos idosos optam por buscar novas oportunidades de trabalho, explorar o empreendedorismo ou até mesmo realizar atividades voluntárias que contribuam para a sociedade.

Em resumo, a desaposentadoria representa uma tendência crescente no mercado de trabalho, impulsionada pelo envelhecimento da população e pela necessidade de uma maior flexibilidade no sistema previdenciário. Para os idosos, essa modalidade oferece a oportunidade de continuar produtivos e engajados, ao mesmo tempo em que contribuem para o desenvolvimento econômico e social do país.

Vamos conhecer algumas histórias reais de pessoas que decidiram voltar a se arriscar no mercado de trabalho e os motivos por trás dessas escolhas.

 

O inquieto

Edelson Delpoio Basilio, tio da Ingrid Parmeziani, nosso Atendimento, tinha uma posição muito boa dentro da empresa em que trabalhava e passou anos por lá. Fez um plano de carreira que deu certo, cujo objetivo era se aposentar e continuar trabalhando. A aposentadoria veio aos 44 anos, atuando na gigante Brasken como engenheiro químico. Após essa movimentação de “finalização de carreira” consolidada, decidiu rever os passos e sair da empresa aos 60 anos. No ano seguinte, se desligou e passou a prestar consultoria na mesma área. “Minha motivação foi poder continuar fazendo o que sempre gostei com a opção de poder recusar a parte chata.”, afirmou Edelson. “Manter a cabeça funcionando para coisas úteis é fantástico!”.

Agora, do alto de seus 71 anos, ele segue fazendo consultorias e projetos de engenharia. Tanto para não ficar parado — porque, segundo a sobrinha, “ele não consegue”, quanto para complementar a renda (que costuma ser maior pré-aposentadoria, né?). “Ser procurado para ajudar alguém a resolver problemas pelos quais você já passou também motiva. Hoje estou trabalhando em um projeto muito grande, mas confesso que ele está consumindo mais tempo do que eu gostaria”. 

 

A perseverante

E ele não é o único da família. Solange Parmeziani, a mãe da Ingrid que também é aposentada, seguiu trabalhando no mesmo local onde se aposentou, completando 39 anos como arquiteta na prefeitura de Mauá no ano passado. Começou o estágio em outubro de 84 e, aos 64 anos, se prepara para a marca de 40 anos se dedicando aos projetos da cidade. Solange se aposentou aos 49 anos e segue trabalhando para manter a cabeça no lugar. “Faz com que eu esteja na ativa, com a cabeça antenada”. Falando nisso, ela confidenciou que recentemente, ao ser transferida para uma área mais tranquila da prefeitura, acabou sem precisar trabalhar muito e entrou em estado depressivo. Na gestão seguinte, foi convidada a retornar a sua função original, que por mais trabalhosa que seja é onde ela se sente bem, feliz e realizada. É ela quem aprova os projetos de construções da cidade toda — chiquérrima.


Ela acredita que hoje em dia é ainda mais focada do que quando era mais jovem, por fazer questão de mostrar o quanto é essencial para o bom andamento de seus projetos. E mesmo com a oportunidade de se tornar autônoma e trabalhar quando bem entendesse, preferiu seguir mantendo seu emprego. Não apenas pelo salário, mas também pelos relacionamentos e desafios que sua posição enfrenta. E um spoiler: pra ela, não existe uma data prevista para parar de trabalhar. Segundo a Solange, “Na minha cabeça, eu tenho mais alguns anos [de trabalho] pela frente”. Mas para mudar devagarinho a rotina, este é o último ano em que ela cumpre uma carga horária de 8 horas ao dia. A partir de 2025, ela passa a exercer seu cargo em um novo ritmo, de 6 horas. Esperamos que ela tenha muito sucesso no que decidir fazer com sua carreira, e que continue a ser muito feliz com o que faz (bem sabemos quem a Di puxou, né?) .

 

A fortaleza

O sogro do Michael Marçal, Estratégia de Marketing da FOME, é mais um Sr. Antônio brasileiro. Nas palavras do Marçal, “um pretinho porreta que veio do interior da Bahia pra cá”, trazendo a esposa e um sonho de tentar ter uma vida melhor. Começou a trabalhar na construção civil, e conseguiu, entre trancos e barrancos, sustentar Dona Zélia e seus três filhos — “todos nascidos um na cola do outro”. “Nunca viveu a bonança, sempre com pouco, mas muito contente com o que tinha conseguido… por mais que fosse pouco, era muito, pois quem já passou fome sabe o que é ter pouco”. Hoje, aos 67 anos, depois de uma aposentadoria recente, voltou a trabalhar com “bicos” duradouros. Os empreiteiros que sempre o contratavam seguem confiando em seu trabalho excepcional e continuam a convidá-lo para tocar novas obras por aí. 

O mais especial de tudo isso é que ele voltou a trabalhar por dois motivos principais. Garantir que ele e a esposa tenham sua viagem anual à Bahia, para encontrar a família e os irmãos, de quem sentem muita falta; e onde a história se repete: para ajudar o filho do meio, que atua na mesma área do pai para sustentar a família, a pagar um apartamento que comprou recentemente. Basicamente, o seu Antônio não voltou a trabalhar por si mesmo ou para garantir um luxo aqui e ali, mas sim para o outro, para fazer o que ele mais sabe e ama fazer na vida: cuidar.

 


Sim, a vida não pára mais. Em nenhuma idade, em nenhum momento. Cada vez mais seguimos para uma eternidade trabalhando, nos movimentando para viver com dignidade durante a terceira idade.
O governo prevê uma maior aderência inclusive no movimento de desaposentadoria, onde o benefício é retirado/pausado para novo cálculo futuro. O quanto isso vale a pena? Depende da sua profissão. O teto previdenciário constitui que o valor máximo que sua aposentadoria pode atingir não muda, independentemente do tempo trabalhado.

Mas cada vez mais pessoas incluem seus nomes no mercado como pessoa jurídica. Poucos encargos, mais dinheiro. Nessa altura, seria o ideal, certo? O governo pensa em desenhar melhor essas novidades de comportamento para os próximos anos, visto que a média de expectativa de vida só aumenta e ninguém mais quer descansar sem ter condições mínimas para arcar com a rotina.
Cenas dos próximos capítulos? 

Agência Fome

Agência Fome