Mães no mercado de trabalho: tem espaço para elas?

Mães no mercado de trabalho: tem espaço para elas?

10/05/2024 | Agência Fome | Blog

Por mais que hoje mulheres não sejam minoria no Brasil (somam 51,5% da população, segundo o IBGE), ainda são tratadas como tal pela sociedade. Então, ao falar de diversidade, elas entram no assunto. Principalmente quando são mães

Aqui, você vai encontrar algumas informações sobre como a maternidade é tratada dentro do mundo corporativo, e meios para propor mudanças saudáveis à empresa em que você trabalha. Vamos debater brevemente sobre o papel que as mães têm no mercado de trabalho e quais ações são importantes para inserir a igualdade de gênero no core das empresas.

 

Chuva de dados*

Quase metade das mulheres que tiram licença-maternidade não retorna ao mercado de trabalho em até 24 meses — padrão que se repete até 47 meses depois.
Mas na direção contrária, 45% das mulheres demoram cerca de 3 meses para retornar às suas atividades profissionais.Embora a lei permita um afastamento de até 6 meses, muitas mulheres se veem obrigadas a retornar mais cedo ao trabalho com medo de perderem seus cargos ou até mesmo seus empregos. 

Em uma pesquisa entre 247 mil mães, 50% foram demitidas após aproximadamente dois anos da licença maternidade. De acordo com a Lei 14.020, mães devem ter estabilidade empregatícia desde a confirmação da gravidez até 5 meses após o parto.

Nem metade das empresas já premiadas pela consultoria Great Place to Work ampliam o período de 120 dias de licença maternidade. E somente 25% das mesmas organizações ampliam a licença paternidade. Aqui na FOME, a licença parental tem 20 dias, que podem se estender por mais 20 dias caso a pessoa colaboradora deseje.

7% já abriu mão de oportunidades de promoção em sua própria empresa ou em outras organizações pensando nas dificuldades que teriam para conciliar a rotina de casa com as novas demandas. 50% das mulheres afirmaram que sentem medo quando há necessidade de fazer uma solicitação na empresa que envolva alguma atividade com os filhos (consultas, visitas à escola, apoio em alguma dificuldade especial).

Segundo o IBGE, mais de 61% das mães solo no Brasil são mulheres negras, que enfrentam barreiras de acesso a direitos básicos e estão em grande parte abaixo da linha da pobreza. Mães no geral recebem redução de carga horária, de salário e substituição em suas funções após o nascimento de seus filhos. Além disso, 45,9% afirmaram que sofreram com alguma forma de preconceito de seus colegas de trabalho.

E, como se não bastasse, ainda existem as perguntas invasivas e discriminatórias durante entrevistas de emprego, como “quem cuidará do seu filho se ele ficar doente?”. É hora de mudar essa mentalidade ultrapassada e garantir igualdade de oportunidades para todas as mães no mercado de trabalho.

Os dados deixam claro: o mercado de trabalho trata de forma desigual as mulheres que se tornam mães em comparação com os homens que se tornam pais. Sempre bom lembrar que as responsabilidades parentais devem ser compartilhadas igualmente e respeitadas pelas empresas, por mais que isso seja relativamente “novo” dentro da sociedade em que vivemos.

E não para por aí. A diferença é ainda mais gritante quando olhamos para a escolaridade, revelando uma desigualdade social alarmante. Mulheres com curso superior enfrentam uma queda de 35% no emprego após 12 meses da licença, enquanto aquelas com menor escolaridade sofrem uma queda ainda maior, de 51%.

*Dados reunidos de diversas pesquisas.

 

Como mudar esse cenário

Comece pelo seu ambiente de trabalho.
O preconceito vem cedo, já no processo de recrutamento e seleção. É inaceitável e extremamente indelicado, mas ainda é comum que recrutadores façam perguntas sobre maternidade nas entrevistas.

Contratar alguém deve se basear em competências e habilidades, não na condição de ser mãe ou não. Além de antiético, isso pode prejudicar a reputação da empresa, gerando debates constrangedores nas redes sociais e colocando até empresas que cuidam e semeiam o assunto diversidade na berlinda.

Oferecer horários flexíveis é uma solução eficaz. Ao fazer valer essa regra para todos os gêneros, essa mudança pode auxiliar até mesmo na divisão mais justa de responsabilidades entre mães e pais, aliviando a carga sobre elas.

Converse com as mães da sua empresa, entenda suas necessidades e trace ações personalizadas. Além de apoiar as mães, isso melhora o clima organizacional e ajuda na retenção de talentos.

Abraçar a diversidade não é o mesmo que apostar em inclusão. Ser uma empresa inclusiva significa tratar todos igualmente, sem distinção de salários ou oportunidades com base na maternidade.

 

E o que eu faço com essas informações?

Entre no debate. Leve o tema aos seus colegas e converse com mães que estejam ao seu redor. Nesse caso, toda ação é válida pra gerar mudanças.

Um feliz Dia das Mães a todas as pessoas que maternam. Que a vida profissional tome novos rumos e seja mais fácil nos próximos anos. <3

 

Fontes: IBGE, Catho, Fundação Getúlio Vargas, Great Place To Work, Vagas.com
Agência Fome

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